Porto Alegre tem umas coisas surreais. De novo: Porto Alegre tem umas coisas absurdas. Coisas que eu só vi acontecendo aqui, em toda a minha vida.
Vou explicar.
Porto Alegre não é uma cidade necessariamente grande. Não comparada a Rio e São Paulo. Porto Alegre tem um trânsito razoavelmente bom. Bom, comparado a Rio e São Paulo. Ainda assim, quando chove, se você não tem um carro, prepare-se para não conseguir um taxi e, quando conseguir, espere para ficar horas num engarrafamento de 2Km. Espere o desespero total, a vontade de chorar e de xingar a última geração dos malditos açorianos que um dia pisaram nesta terra. Prepare-se, especialmente se você tem um compromisso com hora marcada, como por exemplo, pegar um vôo.
Foi exatamente essa situação absolutamente fora da realidade que eu vivi hoje (ou ontem, nem sei mais) quando saí do trabalho rumo ao aeroporto. Inocentemente, comecei a telefonar para a companhia de taxi às 17h50. O vôo era as 20h. 18h20, e eu já tinha ligado incessantemente para as quatro maiores cooperativas de taxi da cidade, todas com sinal de ocupado.
Fui para a rua tentar pegar um taxi à unha, e, claro, o celular em punho para tentar falar ao mesmo tempo com alguma cooperativa. Em vão. Nada feito. Todos os táxis estavam cheios. Aliás, quase todos. Os que estavam vazios faziam sinal negativo. Um deles recusou a corrida porque ia ficar preso no engarrafamento (?????). É, eles têm medo de ficar presos em engarrafamentos e preferem não pegar o passageiro. Sei lá o que eles vão fazer, talvez caçar unicórnios em outra dimensão.
Quarenta minutos depois, ainda sem completar nenhuma ligação e faltando uma hora para o vôo sair, iniciou-se o momento Além da Imaginação. Comecei a delirar, ia tentar o T5. Pego o ônibus e dane-se. Pelo menos ele vai parar no ponto. Qualquer coisa eu desço em algum lugar menos inóspito que a avenida Ipiranga e continuo num taxi (mas o que é taxi mesmo?).
O delírio foi aumentando, assim como a chuva. Já estava completamente encharcada e sem saber o que fazer, quase parando um carro qualquer e oferecento 100 reais pra me levar até a porra do aeroporto.
Agora, o caso de internação: cogitei ir a pé. Sim, não tinha taxi, não tinha ônibus. Eu debaixo d'água. O que ia fazer? Caminhar na chuva com uma mala (que pelo menos tinha alça), até que alguma coisa se resolvesse.
Fui em direção à Santana, atravessei a Ipiranga e fui caminhando ao logo da rota do T5. Insanidade total. Nessa hora, eu já berrava todos os palavrões do mundo num carioquês mais do que típico. Talvez uma ambulância do São Pedro me recolhesse. Ali, já estava disposta a pagar 150 pilas para o psiquiatra me levar até o aeroporto.
Ainda estou lá, completamente perdida, até que vem um taxi LIVRE! UM MILAGRE!!! Oh! Três pessoas fizeram sinal pra ele, mas eu não! Eu me joguei pra ele. Abri a porta e pulei, quase dando um rolamento de judô. "Pelamordedeus, me leva para o aeroporto!"
Algum tempo depois, finalmente cheguei. O vôo estava marcado para sair as 20h. Botei as patas no Salgado Filho exatamente às 19h55, berrando enlouquecidamente pro carinha da Gol: "1805, SEM BAGAGEM, ME AJUDA!!!". E ele: "corre, corre que o vôo atrasou 20 minutos e o check-in ainda está aberto pra sem bagagem!" CONSEGUI! Nem acredito!!!
Enfim, embarquei e tô no Rio. Final feliz, apesar do ódio no coração, que espero que se dissipe assim que eu por as celulites para torrar ao sol de amanhã (ou hoje, nem sei mais).
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4 comentários:
Divertidíssima essa saga, hein! Passei pela mesma bronca num trajeto rumo ao Shopping Total que deveria ter durado 5 minutos, mas durou 30 e culminou num atraso federal...
Parabéns pelo blog!
Tá escrevendo bem, hein ... hehehehe
fiquei aqui rindo sozinho.
muito boa a história, apesar do trauma que ela possa ter gerado ;-)
bjão.
Paulinho
Lu, ninguém mereceu aquilo... Obrigada e apareça! :)
Paulinho, "peguei trauma". Sério.
Porto Alegre tem desses absurdos mesmo. E muitos outros muito piores ;-)
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