Vamos à praia?

Um dos eventos peculiares que conheci depois que me mudei para Porto Alegre foi a "ida à praia".

Até então, ir à praia consistia em algo totalmente trivial para mim, feita durante o ano todo (bastava um sol bacana e tempo livre), decidida a qualquer tempo, freqüentemente quando acordava, abria a cortina e concluia: o sol tá legal, vamos à praia? Simples assim.

Quando se vive numa cidade que tem praia, ir à praia significa se deslocar até aquela faixa de areia que existe entre a água salgada e o calçadão, mergulhar no mar, beber uma cervejota com os amigos (os mesmos de sempre), ou um mate (mate Leão, no caso) comer um biscoito globo, ou um queijo coalho, ou até mesmo uma "empada praiana".

Aqui não. Aqui ir à praia é se deslocar até uma cidade da praia (mais de 100km, usualmente engarrafados) para fazer um churrasco no quintal da casa de praia (que todo mundo tem), tomar um mate (um chimarrão, no caso), talvez encontrar os amigos da praia (que se encontram em outra categoria, não são os mesmos da cidade) e aproveitar uma tal de infra que tem na praia (deve estar muito escondida, porque eu, sinceramente, não encontrei). Praia mesmo, areia, mar, sol, nem sempre acontece (COMO ASSIM???)

Pois é, estima-se que a evasão de Porto Alegre em direção à praia (qualquer uma, não importa) durante o verão seja de aproximadamente 500 mil pessoas. Ou seja, 1/3 da população vai fazer churrasco em outro lugar.

Então eu, que já estava na seca praiana, resolvi aproveitar a praia do sul. Ah, mas eu sou espertinha, aluguei um apezito em Torres, porque o que eu quero é praia praia, uma que eu possa ficar na areia e entrar no mar. E beber cerveja, e comer milho cozido. E a que é mais propícia, dentro do território gaúcho, é essa aí, mesmo sendo um pouquinho mais longe (mas não muito, nada que justifique ficar em qualquer outra praia).

Enfim, to aqui na segunda-feira, completamente torrada, cheia de mancha de protetor solar, mas bem, bem feliz, por ter ido à praia (mesmo, com areia, mar, sal e sol)